Ainda antes de o inovador alemão no setor da confeitaria Hans Riegel, ter fundado a empresa de doces Haribo e lançado os ursinhos de gomas de gelatina em 1922, chegaram ao mercado no Reino Unido, a partir do início da década de 1900, as pastilhas mastigáveis de fruta à base de gelatina, as balas de goma e jujubas.

 

A primeira grande incursão da gelatina nos alimentos de produção em massa foi do outro lado do Oceano Atlântico, em Nova York, onde a gelatina Jell-O surgiu em 1897, cerca de 50 anos após a primeira patente da gelatina em pó.

 

As gomas, também conhecidas como ursinhos, minhocas e gomas de fruta, são um grande negócio – o mercado mundial de gomas e gelatinas vale cerca de 14 bilhões de dólares globalmente, de acordo com os analistas(1).

As gomas vegetarianas, feitas à base de pectina, conquistaram um nicho no mercado, mas a sensação na boca, a transparência e a rentabilidade superiores da gelatina garantem seu domínio permanente na categoria. O fato de a gelatina ser uma proteína natural derivada do colágeno e “Clean Label”, que não exige qualquer número INS no Brasil, também ajuda.

A ascensão das gomas funcionais

Contudo, o crescimento atual da categoria dos ursinhos de gomas não é proveniente do mercado tradicional das gomas, mas sim das gomas funcionais tipicamente vendidas como nutracêuticos ou mesmo com ingredientes farmacêuticos ativos, geralmente sob a forma de gomas vitamínicas.

 

No mercado dos suplementos alimentares dos EUA, as gomas se tornaram rapidamente o segundo formato mais popular depois dos comprimidos. De acordo com o Nutrition Business Journal, as vendas de gomas nutracêuticas aumentaram 6%, contabilizando 13% das vendas de suplementos nos EUA em 2019.

As gomas funcionais, que podem incluir minerais, fibras, probióticos, proteínas, colágeno, substâncias vegetais e outras, contabilizam cerca de 40% do mercado mundial de 14 bilhões de dólares - e é previsto ascender de 6 bilhões de dólares para 10 bilhões de dólares em cinco anos, de acordo com a análise do Research & Markets.

Uma breve história dos alimentos funcionais e dos confeitos funcionais

A ascensão das gomas funcionais vem dos anos 90, quando os avanços na formulação alimentar permitiram a adição de nutrientes em uma vasta variedade de alimentos sob o nome de alimentos e bebidas funcionais.

Havia alguns exemplos isolados de alimentos funcionais antes da década de 90 - por exemplo, os Corn Flakes da Kellogg’s, enriquecidos com vitaminas nos anos 30, ou o iogurte líquido probiótico Yakult, lançado na década de 50, no Japão. Até mesmo as pastilhas para a garganta enriquecidas com vitaminas podem ser consideradas confeitos funcionais ou alimento medicinal.

Mas foi a convergência do progresso da ciência da formulação e da nutrição nos anos 90, juntamente com o crescimento do interesse público na saúde e bem-estar e na prevenção de doenças, que levou à passagem dos alimentos funcionais para o imaginário popular.

De repente, todos os grupos alimentares eram candidatos ao enriquecimento, desde os laticínios ao pão, passando pelos sucos e barras, até, sim, alimentos funcionais como chocolates e gomas.

Infelizmente, muitos deles falharam ou tiveram um desempenho inferior, pois os consumidores não sentiram benefícios imediatos (suficientes) para a saúde com os alimentos funcionais que consumiam. As bebidas energéticas foram uma exceção absoluta.

Outros consumidores não gostaram da ideia de tornar os alimentos como medicamentos, ou ficaram confusos com a ciência da nutrição, muitas vezes ambígua, pela cobertura sensacionalista da mídia e pelas alegações de saúde emitidas pela entidade reguladora - ou pela ausência destas.

Desafios dos confeitos funcionais

Os fabricantes de confeitos funcionais tiveram de percorrer este território, enquanto tentavam convencer os consumidores de que os alimentos saborosos também podiam ser saudáveis para eles.

Há muito poucas histórias de sucesso de confeitos e alimentos funcionais além de gomas, chocolates e doces com teor reduzido de açúcar, estando direcionados para pessoas com problemas de controle do peso. Mudar para barras de chocolate enriquecidas com um esterol vegetal para melhorar a circulação sanguínea demonstrou ser uma proposta muito mais complicada.

As gomas funcionais foram muito mais bem sucedidas, mas têm uma vantagem inerente - a venda em canais de suplementos alimentares e dietéticos e não nos locais normais de abastecimento de alimentos.

Os consumidores estão muito mais dispostos a consumir gomas funcionais como uma alternativa a comprimidos, pois uma alta percentagem de adultos e crianças alegam ter dificuldades de deglutição. Uma pesquisa nos EUA coloca 38% dos adultos nesta categoria.

Gomas funcionais com gelatina

A história de sucesso dos ursinhos de gomas funcionais é reforçada pela chegada de novas tecnologias de formulação de gelatina adaptadas à produção de gomas funcionais.

No passado, era dada preferência à pectina, ágar-ágar ou outros hidrocoloides ou misturas em relação à gelatina, devido a seu tempo de gelificação bastante rápido, necessário no processo de produção. Atualmente, as gelatinas especialmente criadas (SiMoGel) são perfeitas para estes processos de solidificação rápida, que são comuns entre os fabricantes de suplementos dietéticos e de ingredientes farmacêuticos ativos.

Basicamente, os moldes com amido normalmente usados para fazer gomas de gelatina tradicionais não resultaram no mundo nutracêutico e farmacêutico, onde as linhas de produção mudam frequentemente e drasticamente, e é necessária uma higiene absoluta para cumprir as Boas Práticas de Fabricação (BPF) estabelecidas.

Vantagens do paladar da goma de gelatina

Em resposta, a Rousselot desenvolveu uma gelatina específica, chamada SiMoGel, que permite o depósito em moldes de silicone hiper higiênicos, sem amido, para que os fabricantes de gomas funcionais possam ostentar as vantagens do paladar superior que apenas as gomas de gelatina podem oferecer.

As crianças e os adultos já não precisam se contentar com pastilhas mastigáveis e gomas funcionais nada saborosas.

Os mais recentes aperfeiçoamentos apresentam as “cápsulas de goma” à base de gelatina com recheio líquido no centro, uma nova forma de administração criada pela Rousselot e que pode ser enriquecida com ingredientes nutracêuticos ou farmacêuticos ativos em concentrações mais altas e, assim, resolvem um desafio complexo de longa data para os produtores.

A nova gelatina também significa que os tempos de solidificação das gomas são reduzidos significativamente para 15 minutos,  um compromisso de processo que muitos profissionais do setor nutracêutico e farmacêutico consideram aceitável e vantajoso quando comparado com 24 horas.

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(1) Grandvew research - jellies & Gummies Market Size, Share & Trends Analysis Report- 2019 - 2025